Sábado, 4 de Outubro de 2008

uma menina (final)

      E então nesta história havia também um menino, era um menino que não queria crescer... Para se entreter ele inventava muitas amigas imaginárias e muitos nomes tanto para elas como para si.
       Ainda mal sabia escrever o seu próprio nome e já brincava com as palavras tentando perceber quais de todas as mais bonitas soariam melhor juntas... do alto da sua carinha angelical e sardenta como só ele, ria em todas as oportunidades, era um menino feliz que fazia muita gente feliz no seu sorriso.
       Gostava de o olhar em todas as ocasiões, porque quando ele ria os meus olhos riam com o sorriso dele, e quando este acabava, embrutecia-me a alma como se mais nada a fizesse florescer.
       Todas as vezes que ele me olhava explodia em mim o brilho de todas a estrelas do firmamento! O chão deixava de me conhecer os pés, e toda a minha alegria era saber-me, sentir-me querida para aquela criança, que um dia seria homem... o meu talvez.
        Aprendi a sonhar os sonhos dele, e cada pergunta que lhe fazia trazia mil outras que ele não precisava nunca de responder...eu sabia-o, conhecia-o, respirava-o! Era o meu menino de ouro e tudo o que me dava prazer era segurá-lo nos braços e sossega-lo e protegê-lo de todo o mal deste mundo... mas um dia em que o sol se pôs mais cedo do que o tempo lhe dissera... eu descobri, o mundo em que ele vivia não era o mesmo que o meu. Descobri que era por isso que eu chorava e me angustiava e sentia coisas que nunca tinha pensado sentir antes e ele... ele só sorria, só brincava à apanhada com as suas amigas imaginárias... para mim, ficava o toca e foge.
       O mundo dele era intocável, impenetrável, impossível, e todos os desanimadores "ins" de que uma rapariga entristecida por um amor cada vez mais platónico se pode lembrar... Um dia ele chegou para mim cheio de malícia no olhar e disse que não tinha mais como me incluir no seu sorriso, no seu mundo, na sua eterna brincadeira... e eu voltei para casa e chorei-o como a um morto.
       O tempo passou. Muito tempo passou, Até que um dia em que o sol se esqueceu de adormecer, esbarrei de novo com o meu menino... continuava a ser o meu menino...ai... continuava a ter tanto de menino, quanto pouco tinha de meu... foi aí que eu percebi, que podia eu ser velhinha de cabelo muito branco, muito sábia e muito rejeitada pela sociedade como todos o são que ele seria sempre o menino sorridente e sardento que jogava à apanhada com milhares de tágides invisíveis e que nos seus jogos de palavras tinha descoberto por acaso, só por acaso, a que tantas vezes me tinha feito feliz... "amo-te". 

 

(a linha parece encurtar e em espaços pareço ser o que sempre fui, mas depois quando adormeço e volto a acordar entendo que, por muito que seja mais um dia, seja mais um ano, sejam mais cem anos, a minha missão, a minha ideia original de ser importante continua forte, continua meritória, continua…juvenil.)
 

publicado por JF às 01:54
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