Quantas vezes nos perguntamos o que é o amor? Talvez a resposta seja mais simples do que todas as palavras que o definem.
O amor é um brinquedo, nas mãos de uma criança, quantas vezes damos por nós a olhar os nossos brinquedos? A tirar-lhes as cores, a sentir-lhes as formas…fazemos experiências, como caem, como não se partem, qual o som que fazem.
Quando entra no nosso quarto, o nosso canto, um brinquedo novo sentimo-nos…eufóricos, curiosos, queremos mexer, experimentar, tocar, fazer correr, muitas vezes testamos a sua resistência deixando-o cair, talvez se parta, talvez não.
Como todas as novidades o tempo que passa transforma o que foi novo, em algo já conhecido, usado, muitas vezes desgastado e quem sabe muitas vezes sem mais utilidade. De que nos serve um brinquedo usado se não brincamos mais com ele? Não nos serve de nada.
Um dia numa daquelas arrumações onde encaixotamos os livros e jogamos fora as roupas antigas também o brinquedo se vai, não lhe notamos mais a utilidade de outros tempos, o companheirismo de outras marés, não nos desperta mais aquela sensação de euforia, de curiosidade.
Talvez seja essa a razão principal pela qual deixamos de olhar o brinquedo com o mesmo olhar ingénuo de outras noites, não nos revemos mais nas cores agora mais pálidas e gastas, não nos revemos mais nas formas que embora as sintamos como sempre na pele dos nossos dedos, já não nos transmite as mesmas vibrações.
É nesta altura que acabamos por deitar fora o brinquedo, deitamos no lixo, damos a alguém que saiba cuidar melhor do que já em tempos soubemos desfrutar.
Nesta história existe sempre alguém, cuja existência é tão misteriosa como a criação do mecanismo de qualquer jogo, esse alguém observa no lixo um brinquedo, sujo e gasto, observa-lhe as formas, absorve-lhe as cores, dando-lhe o valor que ele merece. Com cuidado transporta-o, com suavidade limpa e faz surgir as cores mais fortes que esse brinquedo já viu, adorna-o no torno para que as formas sejam as mais perfeitas e guarda-o, da forma mais nobre que esse brinquedo merece ser guardado, numa vitrina.
Essa vitrina não é nem mais nem menos que o coração, onde colocamos o amor e cuidamos dele para sempre, de onde observamos as formas e sentimos as cores, uns dias mais fortes, outros dias mais fracos.
Todos nós já tivemos muitos brinquedos, maltratámos tantos, fomos magoados por muitos, mas no fim da nossa história seremos sempre coleccionadores, com uma montra composta, onde se destaca a forma e a cor que mais nos faz sentir feliz.
No entanto de que nos serve ter um quarto cheio de brinquedos se não tocamos neles, se não desfrutarmos, se não percebermos como funcionam, o que fazem? Como se comportam em determinadas situações e circunstancias?
Brinquem, não se deixem crescer de mais, ao ponto de já não querer brincar, ao ponto de já não querer sentir, formas e cores, um dia, mais cedo ou mais tarde saberão que vale sempre a pena tratar como nosso o que na realidade sempre nos deu bons momentos.
(fui de férias mas volto em breve)
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