Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007
Como Alice no país das maravilhas,
Dou corda à caneta e pinto as minhas sapatilhas,
Acompanha-me…
Este local é secreto, onde deixo o ouro,
Talvez o único sitio onde me sinto puro,
Sempre fui principezinho a viajar por sensações,
Coleccionador de momentos por mil e uma razões,
Sempre quis ter tudo, ficar com nada,
Nunca pensei em casar ou em ter uma namorada,
Importante mesmo era coleccionar tempos, marés,
Chutando o mundo que me tocava nos pés,
Eu sou assim, um misto de tudo e de nada,
O saudosismo do pôr-do-sol com a nostálgica madrugada,
Não tenho um sitio meu, tenho mundos nossos,
Dos vários filmes que já fiz, que gelam ossos,
Já quis ser poeta, já quis ser doutor,
Hoje sei que o melhor que tenho é ser sonhador,
Criador de marés, construtor de labirintos,
Não me importa se tem cor, eu pinto-os,
Alguém do meu lado? Talvez, não sei,
É muito raro eu dar-me a alguém,
Talvez me tenha dado a ti, uma ou outra vez,
Não me agarras-te de vez, talvez para a próxima, talvez,
O meu azar é a minha sorte, a minha vida será a minha morte,
Vou coleccionando vidas e guardando no meu pote,
Um dia, como rei vou arrepender-me do que fiz,
Deixando de ser mágico, voltando a ser aprendiz…