Domingo, 14 de Janeiro de 2007
O velho do Restelo não para de resmungar ao ouvido,
Fico puto da vida, por ainda não ter partido,
Não acreditar em politicas, nem cenas brejeiras,
Sim, não acredito em palhaços, ou em tachos, como queiras,
Não voto em nenhum, nem tão pouco os defendo,
Ficamos a olhar, enquanto eles vão roubando e vão comendo,
Tudo bem, não posso arranjar um buraco para vos meter,
Até porque são muitos, em nenhuma fossa iam caber,
O cheiro pestilento iria pairar por todo o ar,
Massacrando, oprimindo, talvez fosse contagiar,
Aqueles que ainda acreditam na primavera,
Doce de flor, com sabor de aloé vera,
Tantas vezes me pergunto, o que fazem aí?
Desçam do palanque venham para aqui,
Provar o vinho amargo, do sangue coagulado,
Procurem no meio destes traidores, qual o verdadeiro culpado,
Inocentes, somos todos pois então,
Mesmo aqueles que matam, não ponho em questão,
Faz parte da profissão, sou politico em full-time,
Vou ladrando hipocrisias, olhem para mim sem açaime,
Desço em mim, vi que talvez fosse capaz,
De subir a escadaria, sem olhar para traz,
Fato e gravata lá vou eu, de pastinha na mão,
Cumprimentado os palhacinhos que passam no salão,
Não digo que não, era capaz de viver assim,
Não sei quanto a ti, mas isto é lugar para mim,
Delibero pouco, não sei nada, mas nada me perguntam,
A pouco e pouco há alguns que ainda se afundam,
Mas tudo bem, toda a historia tem um final feliz,
O meu sonho é rir muito desde que sou petiz,
Então vejo a vossa cara, e o que estão a sentir,
Sentado ao vosso lado só me dá vontade de rir.