Sábado, 16 de Setembro de 2006
Uma pedra da calçada,
Levantou voo,
Por ali, por aí,
Por toda a madrugada,
Hoje vou contar-vos a história de uma pedra da calçada,
Por tanta gente pisada,
Tanta gente deu risada,
Que hoje apenas um espaço ficou,
Uma ferida que não cicatrizou,
Saiu, fugiu,
E o povo nem a viu,
Nem notou, a sua falta,
Não sabem se é pequena ou alta,
Nunca ninguém quis saber,
Calcavam, mesmo sem querer,
Sem ter tempo a perder,
Não queriam nem olhar,
O tempo estava a passar,
E tudo era mais importante…
Hoje, neste chão, há um espaço por preencher,
A pedra fugiu, antes do dia nascer,
E ninguém sente a sua falta,
De tropeção em tropeção,
Notam que há algo diferente no chão,
Que não era costume, e dizem, perdão…
Não viram aqui uma pedra,
Ou era pedaço de relva,
Que alisava este terreno?
Não sabem se é grande ou pequeno,
Apenas o seu espaço por encher,
Ninguém a pede de volta,
Há apenas algum espírito de revolta,
Que quer o espaço liso de novo,
Que cruel é o povo,
Não sente falta de uma pedra,
Apenas não quer cair ou tropeçar,
Continuam a caminhar,
Pois alguém ocupou aquele espaço com um cartão,
Simboliza a solidão,
Que um dia alguém sentiu,
A pedra não mentiu,
Quando disse que fugia…
Se alguém a pisasse mais algum dia!