Quinta-feira, 26 de Abril de 2007

dança da solidão...

Somos eternos às vezes,
No embalo das formas que adormecem nossos pecados,
Nas palavras daqueles que nos deixam entrelaçados,
E por fim, somos assim,
Uma parede vazia,

Os panos molhados hoje são o meu chão,
Dos pecados já rasgados nenhum teve perdão,
Digo o que sinto, como sinto, porque minto,
Das peças criadas levando as muralhas do labirinto,
Em que me perdi,

Somos eternos às vezes,
Na dança da solidão que nos embala,
Nos beijos e na paixão que nos agarra,
Mas no fim somos assim,
Uma parede vazia,

Perdi-me de ti, que outrora foste luz em meus passos,
Só o piano chora por lembrar os nossos laços,
Digo o que espero, nos dentes que cerro, porque desespero,
O dia despede-me de ti, mas eu já não te quero,
Neste dia em que te perdi,

Somos eternos às vezes,
Nas gotas que salgam a nossa pele,
Tenho direito a provar o teu fel,
Mas no fim, somos assim,
Uma parede vazia.

publicado por JF às 21:11
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Quarta-feira, 25 de Abril de 2007

redoma...

Já te construí, podem cair os estilhaços,
Ninguém me tira daqui, podem soltar os palhaços,
Os que assustam as criancinhas, os que amordaçam os povos,
As galinhas eram novinhas, quando nos fizeram seus ovos,
Condena-me, por cortar o ar com panos molhados,
Desenrola-te de mim, quem dera ficar mas estamos cercados,
Nada temo, todo o vidro hoje tem coração de betão,
Na minha redoma, nada derruba o meu condão,
Choram-se os meus e os teus, por ver por fim,
Na luta infame do desejo, hoje não estás mais em mim,
Mas na redoma, tudo fica longe do que sempre alcancei,
Barriquei-me cá dentro e ainda nem jantei,
Sabe-me bem, ver as pedras bater, no vidro que tem dom de proteger,
Nada passa, tu até podes tentar, mas o arquitecto aqui sou eu,
Olha que bate no meu telhado e depois ressalta para o teu,
Já parecia fácil de mais, ter de escolher um só destino,
Nas escadas formigas fazem o pino,
Riem-se umas das outras, como eu de ti agora,
Os meus lábios vão sorrindo enquanto meu coração chora,
Perdi-me de ti, perdeste-te de mim,
Talvez por isso me tenha barricado aqui,
Minha redoma é gigante, nada me toca aqui dentro,
Construí e decorei, fiz nascer de cimo ao centro,
Podem cair os estilhaços, mandem soltar os palhaços,
Porque eu aqui de dentro já mandei apagar os nossos passos.
publicado por JF às 13:26
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Domingo, 22 de Abril de 2007

crenças...

Procura os diários,
Pesquisa e interpreta, de forma discreta,
As evoluções que tentam deixar a mente aberta,
Sai dessa bolha, aprende a caminhar,
Tanta porta entreaberta pronta para alguém entrar,
De olhos fechados procuramos,
Saudamos, chamamos, caímos e rezamos,
Por entidades teoricamente, superiores,
Que nos trate da vida, dos sabores e dos amores,
Trago a vós, crentes sem religião,
A palavra, arma mais poderosa deste mundo cão,
Faz uso do poder da inteligência que trazes,
Se o destino marca a hora, não te atrases,
Da fé do sempre em pé nascem contas de outro rosário,
Questionamos o necessário, invocamos o primário,
Claro que tenho crenças, nas pessoas claramente,
Sou religiosamente crente, nos poderes do homem e na mente.

publicado por JF às 19:17
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Quinta-feira, 19 de Abril de 2007

só a solidão ficou deitada...

A mesa é a de sempre, de quatro cantos quadrada,
O desespero não almoça, a solidão continua deitada,
Pelo copo bebo o vinho, encorpado cor de vida,
O banco ainda baloiça por ter a perna partida,
No canto a desilusão continua em contra mão,
Os sonhos deslizam ao dançar no “meu” salão,
Nada aqui é realmente meu, apenas uma historia pouco clara,
Mas não troco esta situação, não a troco nem por nada,
Tiro a espada, corto o pão em quatro pedaços,
Digo aos presentes para estreitar-mos os nossos laços,
A frustração chega atrasada e senta-se na minha frente,
Mexe a tigela com um sorriso na cara porque ainda está quente,
A vingança fica de longe, hoje foi ela que serviu,
Não como connosco porque prefere o comer frio,
De fio-a-pavio como o doce e olho para a frustração,
Quem me dera hoje poder comer com na companhia da ilusão,
Brindam copos vazios, de almas já quebradas,
As posições já não são as mesmas, porque foram trocadas,
Sentado à cabeceira, digo aos doze que tudo sinto,
No final deste dia alguém me renega, que se sirva o absinto,
Com razão, padeço de companhia um pouco limitada,
Só o prato da solidão fica intocável, talvez por ainda estar deitada…
publicado por JF às 00:07
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Segunda-feira, 16 de Abril de 2007

vidros....

Todas as relações são vidros,
Uns coloridos, retorcidos, espelhados, partidos,
Olho-me nos cacos e ouço a tua voz,
As nossas imagens estão com saudades de nós,
Mas, no chão, apenas vidros partidos,
Relações, tantas são transparentes,
Até o tempo as deixar baças, aos olhos das gentes,
Que olham de fora, lá dentro, o vidro já está retorcido,
Dificilmente não vai cair e acabar partido,
Mesmo os coloridos, quanto tempo duram…esses vidros?
Até que a dor do grito ou do gemido,
Os estilhace por fim,
Vai ser sempre assim,
Vidros,
No chão,
No soalho ou no alcatrão,
Numa cama mais macia, ou dentro da bacia,
Não tentes tocar, não tentes pegar,
O corte pode ser profundo e eles tão prontos a rasgar,
Só tens uma hipótese, deixá-los estar, naquela existência tripartida.
A julgar pelo cubismo simbólico perdes-te mais uma partida.
publicado por JF às 21:04
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Sexta-feira, 13 de Abril de 2007

deixa-me cair...

Deixa-me cair do céu, já me fizeste voar de mais,
Quero pisar as pedras no chão, chutar papel, queimar cartão,
Fazer as coisas que se dizem normais,
Voltar a dormir tarde no salão,

Corta-me as assas que pintas-te, meu cavalo branco,
Quero olhar nos olhos dos meus, dos teus, dos outros,
Deixa-me cair, até me cansar, pra me sentar no tal banco,
Do réu, onde se julgam erros que não foram poucos,

Tira o braço à minha volta, deixa-me ter frio mais uma vez,
Quem disse que sou sempre real, consigo ser também ilusão,
Se sou mais ou menos do que mostro? Talvez,
Não me apetece responder por isso nem faças nascer a questão,

Língua afiada desenrola palavras que te deixam confusa,
Dos jogos de palavras tenho-te onde sempre quis miúda,
Intenção, de estender pesadelos numa mente que já se recusa,
Somos crianças no jardim, que brincam com suas bolas, chuta,

Vamos brincar à apanhada, vamos ver quem pega quem,
Podes abanar os receios deleitados sobre a cama do pecado,
Direcção coordenada para ti e mais ninguém,
Já fui observador hoje sou o moço de recados,

Deixa-me cair, quem disse que quero viver feliz para sempre,
Das rosas adoro os seus espinhos fortes e omnipresentes,
Das orações vou comendo as palavras do Ser mais crente,
Faz do amor a oração, deixa-me queimar os nossos presentes.

publicado por JF às 00:40
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Terça-feira, 10 de Abril de 2007

olhos nos olhos...

Presta vassalagem e segue, não temas nem tremas por me veres na tua frente,
Desta arma o fogo que sai é comédia ao entardecer, de um actor demente,
Alguém que tente, triunfar com as palavras, são cobras venenosas as palavras,
Que se unem contra ti, embalam a inocência, criam as larvas,
Que um dia de casulos vão deixar sair as borboletas, lindas como só elas,
Essas que te fazem impressão na barriga, por serem assim, belas,
Podes levantar o joelho do chão, podes olhar-me nos olhos,
Afinal de contas sou eu que tantas vezes caminhei nos teus sonhos,
Liga-te ao que digo, na forma como o escrevo,
A sorte não está na pérola, ou nas quatro pétalas de um trevo,
Está aqui, em ti e em mim, porque ainda nos conseguimos olhar nos olhos,
Seremos hoje e agora, como sempre, eternamente soberanos,
Das nossas escolhas, dos trunfos na manga, dos erros e discussões,
São elas a incandescência de muitas emoções, relações, maldições,
Que nos prendem à cama, de pijama, sem drama e sem uma ama,
Para nos dizer o certo e o errado, quem presta e a quem se deve o golpe de estado,
Que nos deixa assim, como eu em ti, deitado…apenas deitado.
publicado por JF às 19:52
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Domingo, 8 de Abril de 2007

mais um momento...

O dia é calmo, não desarmo o que me apontas,
Olho-te como bailarina, rodando nas suas pontas,
Perfeita, bate mais um coração que te estreita,
Aproximas-te, coloco-te o beijo na bochecha direita,
Como estás? Revoltada como sempre,
Somos todos um pouco loucos, mas tu…és demente,
Rebelde com tudo, com todos e ainda com o resto,
Digno de registo especial, ouço mais um protesto,
“Finalmente apareces”, deixa que sossegue essas preces,
Cada um tem o seu, tu só tens o que mereces,
Do sorriso rasgado ficam as mãos quentes, olhar permanente,
Fica o teu perfume e o brilho diamante,
A distancia é chuva que cai, que faz o chão escorregar,
Seguimos viagem com a sensação que um dia alguém há-de voltar,
Por certo acontece, talvez num desses dias difusos,
Abraço-te concentrado, mas nada de abusos,
“Sabe bem ver-te aqui”, tu continuas perfeita,
Continuas a ser politicamente incorrecta confundindo esquerda e direita?
Chamar-te amiga ainda me faz bem, solene companheira,
Nas tardes bem passadas, tu sempre foste a primeira,
A dizer o que estava bem, mal e o que mudar,
Do tempo ficaram as juras do que queríamos partilhar,
Já crescemos de mais, dez anos valem pelo seu talento,
Mas da cartola tiro uma folha e dedico-te mais um momento…
publicado por JF às 17:04
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Quinta-feira, 5 de Abril de 2007

apenas calma...

Mais uma daquelas tardes, onde me sinto vazio,
Bate o frio, Sai-o à rua para ver o rio,
Continua verde como sempre, não devia ser azul?
Da cor do céu? Esse que hoje está cinzento?
Não devia ser azul? Que se lixe o pensamento,
Das ruelas estreitas perco-me e dou de caras com outro mundo,
Uma loja com a porta entreaberta mostra-me um fundo,
Azul, com a mensagem “aqui vendem-se almas”,
Finalmente algo para mudar as minhas palmas,
E com elas toda a minha linha da vida, da sorte, da morte,
“Boa noite, eu quero uma alma, uma alma nova”,
O velho olhava e dizia para eu ir com calma, que precisava de calma,
Que era melhor não mudar já, levar uma para prova,
“Eu lá quero experimentar, eu quero uma alma nova”
Procura por aí disse o velho barbudo,
“Mas por favor…tem cuidado miúdo”
Lá do fundo uma figura estranha, com quatro mãos,
Dizia que era filho único e tinha seis irmãos,
Fazia chaves por medida, para tesouros escondidos,
Arranjava céus e mares e estendia dedos encolhidos,
“Tens uma alma nova por aí? Tu que tens tantas mãos”
Respondeu-me que não, mas que tinha seis irmãos,
Caminhei por ali a dentro, vislumbro outra aberração,
Uma silhueta de mulher, quatro pernas, e um buraco no coração,
“Bem isso foi fundo, não tens por aí uma alma nova?”
Disse que só fazia bolos e derivados, da panela arrancou e disse…”Prova”,
Heish, “Horrível”, sabia a ferro concentrado, com plástico encorpado,
“Bem precisas de uma alma nova, o teu paladar está desorientado”
Corri, por túneis passei, em areias me movi, até que me perdi,
Numa escada mais escura, uma miúda vestida de rosa olhava pra mim,
“Que foi? Nunca viste? Com tanta aberração, que fazes aqui?”
Observo, dizia, toda a noite, todo o dia, observo dizia,
“Quem te pintou aqui? Neste reino meio treva meio fantasia?”
Tu…dizia, a meio da noite, a meio do dia, apenas tu dizia…
Voltei a encontrar-me, voltando ao cubículo original,
Lá estava o velho a olhar para mim com seu ar marginal,
“Olha lá eu aqui sou cliente, eu tenho a razão, dá-me uma alma nova”
Tudo bem, dizia, toma lá esta para prova…
Assim foi, do frasco tomei até à ultima gota,
A garrafa parecia estar rota,
Desapareceu num instante, o olhar brilhou como diamante,
Cá estás tu, céu azul, doces caminhos vejo agora,
Não está na hora de ir embora, porque sinto uma estranha calma em mim,
Observo por fim,
Que nenhuma nuvem dura para sempre, vejo-as mover,
Nenhuma dor floresce para sempre, vejo-as morrer,
Sinto uma estranha calma em mim,
Vejo o rio subir, sinto o rio desces, a cidade ilumina-se na cegueira,
Vejo putos na brincadeira, sorriu para eles,
Há uma estranha calma em mim, e nesta nova alma,
Abro a mala,
A tal garrafa salvadora, regeneradora, a tal nova alma,
Em letras pequenas o seu título “Apenas Calma”.

publicado por JF às 01:19
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Quarta-feira, 4 de Abril de 2007

quanto mais...os melhores...

Quanto mais tento ver, mais avisto o teu corpo,
Quanto mais tento sentir, mais toco a tua pele,
Da tua boca tiro a vida, doce amargo, mel e fel,
Amanhã a primavera vai trazer flores novas ao teu jardim,
Para que te olhem, para que aprendam como ser…perfeitas,
Vão aprender contigo a ser, a pertencer, a pintar o céu,
Em tons de azul ou verde, hoje mandam os teus olhos,
Aqueles que há 1001ª noites me pintam os sonhos,
Podia saber viver sem ti, mas não sei,
Queria ficar longe de ti, tentei mas, não consegui,
Nada me faz voar tão alto, nem me faz sentir tão bem,
Só tu, desse jeito singular, dessa forma especial, só tu, mais ninguém,
Hoje no teu corpo eu sou amador profissional,
Da paixão o elixir será premonição de crime passional,
Beijo-te a barriga enquanto arranco a tua roupa,
Vais-me olhando enquanto te pinto um sorriso com a minha boca,
De improviso soletro rimas na tua pele, destino traçado,
Cada beijo um risco no teu quadro, teu corpo está mais que desenhado,
Talvez seja hoje, é para hoje então, que abro mão do coração,
Do calor faço gemer o calor, vamos aumentar a tensão,
Clima de guerra declarada, quero isso e mais nada,
Chamo-te tantos nomes, hoje és minha namorada,
Da noite a madrugada vem, com ela vens tu também,
Sem medo de ninguém, promessas a quem?
Ninguém, porque neste canto só eu e tu sabemos ser maiores,
Mais ninguém sabe disto, e nisto sonhos os melhores.
publicado por JF às 20:06
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