Sábado, 6 de Janeiro de 2007
Saudosos os abraços que trocamos em noites,
Como se a lua não girasse,
Nem fugisse do sol,
Que saibam ser eternos os momentos,
Os que guardamos,
Vou penitenciando-me por fim,
Por ter adormecido ao teu lado,
Perdi tempo sem te ver…
E só te sonhei,
Tantas vezes fui criando historias,
Entretanto não beijei,
Deixando escorrer a areia,
Vendo passar o tempo,
Solto ira ao pensamento, por saber que já passou,
Rápido de mais,
E hoje fico sem saber para onde vais,
Porque não te cerco com os braços,
Nem te oiço a respiração,
Juramos ser para sempre…
Mas quanto é para sempre?
Será muito tempo, ou por te olhar nos meus dias,
Só te vejo passar,
Caminhando ao meu lado,
Continuo preocupado,
Por só ver passar o tempo,
Paramos…
Olho-te nos olhos, perguntas “o que foi?”
Digo, belisca-me, quero ver se ainda dói,
Soltas um beijo,
E eu sei que ainda respiro por ti,
Sei que ainda me sonho em ti,
Sei que ainda dói…por não te ter aqui.
Quinta-feira, 4 de Janeiro de 2007
Encostado à parede vou praguejando sem sentido,
Se eu ainda soubesse mentir, eu já devia ter mentido,
Mas de que me vale falar, não entendes o que digo,
A justiça está na arma que hoje trazes contigo,
A minha língua não entendes, os meus gestos não percebes,
Vou tentando acalmar-te para que nunca te enerves,
Situação de risco, culturalmente irrealista,
Hoje tu és americano, eu apenas um bombista,
Com as mãos no ar, na tentativa de me render,
Mas de que vale eu tentar, tu já estás pronto a me abater,
Dedo no gatilho, o suor escorre pela face,
As televisões do mundo inteiro vão esperando o desenlace,
Querem sangue na lente, mais um corpo no chão,
Uma audiência perfeita cravada com uma bala no alcatrão,
Irmão, não me condenes os pecados,
Quem és tu para me dizer, já todos tivemos um dia errados,
Fala-me de ti, por detrás dessa tirania,
Acreditas em quem te manda ou és adepto da hipocrisia,
Diz-me se concordas com o facto de mandares nas vidas,
As que tiras ou condenas, as que ficam esquecidas,
Cais de joelhos no chão, o arrependimento tomou conta de ti,
Nem sei bem o que disse, nem eu próprio percebi,
Deixas a arma ao alcance e eu agarro-a com as duas mãos,
Mas calma, não tenhas medo, não sou como os teus irmãos,
Que condenam, que massacram, que entrelaçam os pescoços,
O mundo é um desenho, eu ainda vou nos esboços,
Do cano cerrado, tiro munições verdadeiras,
Desato as bombas que trazia, eram meras brincadeiras,
De plástico, sem explosivos, eram apenas decoração,
Uma mera brincadeira que quase me levava ao chão,
Porque hoje em dia, todos têm medo de todos,
EUA artista principal, nós somos todos os outros,
Dente por dente olho por olho, numa cultura mumificada,
Acabamos todos cegos, com uma boca desdentada.
Quarta-feira, 3 de Janeiro de 2007
Podíamos ter sido mil e um nesta noite,
Onde as cores das luzes nos fazem olhar o céu,
Praguejando por aí coisas que ninguém ia ouvir,
Estás a sentir?
Esta falta de às vezes sermos o que não somos?
Podíamos ter sido mil e um, entrelaçados em emoções,
Sugando o que a vida nos deixa beber, sem ter de sofrer por isso,
Sentado permaneço, pensando nisso,
Vendo como somos inseguros,
Não observamos os muros,
Que na nossa frente se avistam, se mostram,
Sentimos que a verdadeira obra está para lá dos mesmos,
Quem dera ainda sermos pequenos,
Mil e um seríamos a esta hora,
Até que a imaginação fosse embora,
E adormecesse-mos por fim,
Podíamos ser mil e um nesta noite mas…
Mais importante do que sermos cem, mil, mil e um,
É a segurança de continuar-mos a ser quatro,
Por muito que as jornadas sejam complicadas por vezes,
E vamo-nos prendendo em redes,
Sofrendo por antecipação, querendo o que não temos,
Não vivendo o que esperamos, porque não somos mais pequenos.
Segunda-feira, 1 de Janeiro de 2007
Suspira um pouco,
Sente um pouco,
Grita um pouco,
No sentido que sufoco,
Se for por menos não te quero,
Se for mais não desespero,
Mas se não for eu morro, enfim…
Cansa-te um pouco,
Ama-me um pouco,
Chora-me um pouco,
Até os olhos terem selo de soco,
Se for menos eu não te sinto,
Se for mais eu vou adorar não te minto,
Mas se não for, lá se vai o labirinto,
Perde-te um pouco,
Agarra-me um pouco,
Grito um pouco,
Sem medo de ficar rouco,
Se for por menos eu irrito,
Se for mais então eu fico aflito,
Mas se não for…eu morro, no fim…
Sujeita-te um pouco,
Desespera um pouco,
Dá-me o teu corpo um pouco,
Até que o deixe bem louco,
Se for por menos desiludo,
Se for mais eu não me iludo,
Mas se não for….eu morro sem ti.