Sexta-feira, 27 de Julho de 2007
Já não te vou dar flores,
Os espinhos já me cortaram a pele,
As luzes das ruas explodiram,
As palavras já calaram o que não podiam,
Mais dizer,
Já não me importo, com as cores que trazes no corpo,
Não me importa o que quiseste dizer,
Nem o que devias ter dito,
Os gestos já congelaram o que tinhas,
A fazer,
Do caminho para o abismo só ficam os últimos passos,
A memória é curta de mais, para guardar mais fantasmas,
Ainda sinto sombras, mas já não vejo luz,
Tinha um bilhete para algum lado, mas não sei onde o pus,
Apenas se calou o tal grito,
Ficamos por aqui.
Quarta-feira, 25 de Julho de 2007
Já não tenho a razão,
Tira a foto, e guarda junto ao coração,
Da rima a solução, da palavra a condição,
Para formular a criação, colocar a questão,
Não percebo essa tua curiosidade,
Que te faz interessar pela idade,
Pela naturalidade,
Rua e cidade,
De um desconhecido que queres traçar,
A selva já esta criada e a cidade continua a dançar,
O que te interessa o que penso,
O que gosto o que dispenso?
Não é com as palavras que tu queres falar,
Da pele tiro-te o arrepio,
Contas mais uma piada, eu ri-o,
A gargalhada já te deu o espaço de manobra,
Para me agarrares com uma mão, e o que fazes com a que sobra?
Passas a mão pelo cabelo, deixas deslizar no teu corpo,
Procuras a solução, encontras no gelo do teu copo,
Faz-me tremer, é do que preciso por amor de deus,
Não invoques sem necessidade! Então fá-lo por amor de Zeus,
Porque de avanços e recuos já me sinto farto,
Se não me agarrares eu dou o fim da linha e parto,
O tempo que tinha a perder, já perdi ao estar aqui,
A olhar para ti, a ver o que já perdi, assim como assim,
Deixo de pensar e dou-te relevância…
Não deixo de te dizer que te espera relutância,
Porque se sou fácil por natureza, resta-me a máscara de mistério,
Se queres ser rainha, vamos lá fazer o império,
Mas antes de começar, dou voz ao meu ultimo grito mudo,
Vais ensinar-me alguma coisa, ou vou ter de te ensinar tudo?
Domingo, 22 de Julho de 2007
Todos os versos, nas loucuras de uma noite quente,
Onde o corpo sofre na alma louca e demente,
Tantas palavras atiradas ao acaso, em rasgos de silencio,
Nada mais importa quando o tempo já não corre,
Chega-te mais perto, sussurra-me ao ouvido,
Garante o arrepio, provoca-me o gemido,
Tantas camas vazias sem corpos para ocupar,
Tanta vontade guardada com desejo de lutar,
Já viste a noite lá fora? Está louca de mais para nos dois,
As juras já se apagaram, as regas ficam para depois,
E é ao som do vento que se molham nossos corpos,
Como gelo que derrete, no fundo de outros copos,
Os meus lábios são teu mapa, segue-me para outro mundo,
Hoje sou cientista e teu corpo objecto do meu estudo,
Explora-me, desfruta-me, perde-me e ganha-me novamente,
Faz-me palpitar o peito e gela a minha mente,
A manhã vai acordando os sonos mais descansados,
Só a nossa pele não adormece e continuamos enroscados,
No fim da história, ficam as palavras simples e directas,
Em paixões mal resolvidas durante noites discretas.
Sexta-feira, 20 de Julho de 2007
Desfruta, disputa, em mais uma noite ainda enxuta,
Molha-me de desejo porque hoje a madrugada é filha da puta,
Amordaça-me, irrita-me as pontas dos dedos,
Seduz-me com tuas vontades e cala os meus medos,
Conta segredos, de solidão de protecção,
Dá-me um motivo para fazer subir a tensão,
Desfruta, disputa, numa noite ainda curta,
Delicia-te com a minha boca, vamos ver se ainda resulta,
Morde-me a pele, cega-me os tormentos,
Seduz-me com a tua luz e faz-me tremer por momentos,
Perdem-se tentos, não sou ninguém sem teu prazer,
Vamos desalinhar a noite, antes do dia nascer.
Quarta-feira, 18 de Julho de 2007
33 Segundos de leitura e já começo a tremer,
As consequências dos embaraços, as palavras e seus laços,
Tudo fica registado, para a posteridade, dos movimentos,
Foram tantas as letras, tantos os sentimentos,
Faz-me parar…parar de tremer,
Não volto a querer esquecer, as coisas que me queres dizer,
As letras movimentam-se, as formas nascem de uma folha,
Simples e branca, singela a quem pela primeira vez olha,
A ocasião faz o mostro, eu não queria ter este papel,
Do mitos urbanos de amores retorcidos que se esbatem na pele,
Réu, culpado, soberano de labirintos extintos e queimados,
Pensei ter esquecido os teus desenhos, estavam todos arrumados,
Não volto a querer esquecer, as coisas que me queres fazer,
Faz-me parar…parar de tremer,
As gavetas voltam a abrir, as sensações voltam a sair,
E a dançar, rodopiam, deixam-se ir, imploram por vir,
E ver, e ter, e conseguir o que mais ninguém consegue ter,
De longe foste a luz do meu viver…
Mas a carta chegou ao fim,
33 Segundos do que era para ti,
Não te quero ler de novo, não te quero ter novamente,
Os dedos ainda vacilam, o corpo ainda desgasta, só me resta a mente,
Não volto a querer lembrar, as coisas que comigo queres viver,
Faz-me parar…parar de tremer.
Segunda-feira, 16 de Julho de 2007
Vamos voltar atrás,
Só eu sei ver, o que falhou,
O sol ainda desenha a sombra do teu corpo ao meu lado,
Devia ter pedido, podia ter implorado,
Muda o teu mundo, comigo.
Todas as histórias de amor arrefecem com o tempo,
Só tu sabes dizer, porque escrevemos assim,
O apontamento do que és para mim,
É só mais um fim…
Muda o teu mudo, ao meu lado,
Atiramos tintas ao acaso,
Corremos juntos, deixamos o espaço,
Dançamos juntos no mesmo compasso,
Respostas às frustrações não quero, essas eu passo,
Muda o nosso mundo, comigo,
Estou contigo e hoje eu não desarmo,
Só vou parar quanto te tirar o doce, provar o amargo,
Porque no fim, o mundo é só meu e teu,
Se já pintámos paredes, só nos falta desenhar…
O céu.
Sábado, 14 de Julho de 2007
Faz de mim, a pausa,
O símbolo certo para recomeçar,
Não fui feito para falar,
Eu fui feito para complementar,
E tudo o resto? Entre o quase tudo e quase nada,
Desconheço a proporção, mas nada se equipara,
Faz de mim a pausa,
O símbolo certo para mudar,
A forma de ser, de sentir, de olhar,
O que se perde com a ingenuidade de tentar,
Faz mim..
Faz de ti,
O símbolo certo para…
Complementar.
Quinta-feira, 12 de Julho de 2007
Eu volto e espero,
Por ti, pela força do vento em nós,
Por todo o espaço que ocupa o teu corpo,
Em cada vibração da tua voz,
Da linguagem ao grito,
Só se salva o infinito,
Porque na noite em que todos se deitam cedo,
Encobrem-se as virtudes, esconde-se o medo,
Do doce e amargo do gemido,
Eu podia ter partido,
Mas…
Eu volto e espero,
Por ti, pela força do vento em nós,
Por todo o espaço que ocupa o teu corpo,
Em cada vibração da tua voz,
Súplicas são escritas em papel timbrado,
Sedoso e amarfanhado,
Porque do sal da tua lágrima,
Já lhe tirei o culpado,
Descansas os olhos, enquanto a minha boca nasce em ti,
Podia ter partido e sido perfeito, mas não te vejo em mim,
E pensar que…podia ter partido, mas…
Eu volto e espero,
Por ti, pela força do vento em nós,
Por todo o espaço que ocupa o teu corpo,
Em cada vibração da tua voz.
Terça-feira, 10 de Julho de 2007
Eu já te vi,
Num dia destes, onde a noite se fez manhã,
Eu já te vi, em mim.
Não me mudes o mundo agora,
O chão ainda quebra só por pensar,
Os sabores juram não voltar a implorar,
Que o tempo volte a passar,
Eu já te vi,
Numa dessas histórias que oiço, nesse doce baloiço,
Eu já te tive, em mim,
Não me desarrumes agora a cama,
A janela ainda está aberta, e tudo voa,
O teu cheiro ainda me chama,
E o teu nome ainda em mim flutua,
Eu já te vi,
Numa dessas letras de canções de domingo à tarde,
Eu já te perdi, enfim,
Quantas vezes te pedi para não mudares o mundo,
Podíamos ter calado o ultimo grito mudo,
Eu não te quero esquecer, não quero que o dia acabe assim,
Não quero este final na nossa história, quero mudar o fim,
Eu já te vi,
Eu já te senti,
E hoje, aqui e agora, quero mudar o nosso fim.
Domingo, 8 de Julho de 2007
Vamos mudar, como mudam todos os outros,
Mudar de ares, mudar de vida, mudar de pele enfim,
Das águas passadas já se moveram os moinhos,
Podem praguejar, não voltamos a ser pequeninos,
Seus velhos acabados de idade adolescente,
Ontem eras ingénua, hoje já pensas ser gente,
Não o és…ainda, provavelmente nunca o serás,
Podes ser firme ao olhar mas tens medo de olhar para trás,
Não te posso dar espaço, não te vou dar a palavra,
Tu dispões a tua arma, mas na hora de atirar ela encrava,
Não tens nada para me ensinar, não tens nada pra me dizer,
Sempre fui correcto, é isso que não consegues esquecer,
Das mil voltas de ouvido, dos quase beijos que nunca foram,
Das frases rasgadas e dos segredos que ainda choram,
Tudo em ti passou de prazo, não tens nada a me dizer,
Muito menos a fazer,
Da esperança que um dia foi a ultima a morrer,
Hoje as cinzas espalhadas no chão, acabam por correr,
Voam e dançam, porque no fundo nunca fomos nada,
Não seríamos nada, em mim não podias ser nada,
Ficamos no fim, do ponto de interrogação, sem questão,
Porque de príncipe encantando passei a bicho papão.