Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
Dentro de casulos escondem-se as asas que mais tarde são as nossas armas,
Pouco saberia da nossa historia se não fossem os retratos,
Os vidros partidos lançam as farpas,
Que retirou dos nossos actos,
Fala por mim, diz-te a ti mesma que tudo o que erro,
Foram falhas dos dois, podemos deixar para depois,
Nos dentes que quebro, nos dedos que cerro,
Nas virgulas, pontos, das cordas que róis,
A sala continua cheia, de cadeiras vazias,
Sentem-se ao lado uns dos outros, sem medo de se tocar,
Talvez não saiba o que fazias,
Nos dias que não estava lá para te abraçar,
Das culpas o fogo já arde do meu lado do tanque,
Foi mais uma história com final (in)feliz,
Das assas que já batem fazem com que a dor estanque,
Porque no fim tudo se apaga, como riscos de giz.
Segunda-feira, 21 de Maio de 2007
Doces enganos, sons soberanos,
Ainda bem que tentamos, também por isso erramos,
Doces enganos, da noite que nos apresentou a madrugada,
Tu és culpada, da criação milagrosa que me vai no peito,
Das promessas de amor, das quais ainda sou suspeito,
Decreto guerra, de porta aberta e de arma escolhida,
A minha vida ao teu lado, só pode ser bem vivida.
Achas que há cura para esta noite?
Talvez me tenhas de internar um dia destes,
Que me amarrem com força,
Doces enganos, vejo mapas da terra prometida,
A que um dia já esquecida,
Fez brotar doces encantos, em tons de alegria.
Sábado, 19 de Maio de 2007
Já ardem pianos, nas cinzas o pó das nossas roupas,
Por fim, aqui o som deixou de existir,
Estou pronto a correr, pronto a partir,
É tarde de mais, para saber onde vais?
Parece apenas tarde de mais…
A chuva cessa depressa, apenas fica o pó das nossas roupas,
Aqui, por fim, já não há porta por abrir,
Pronto a esquecer, pronto a perder, pronto a me extinguir,
É tarde de mais? Para dizer aos demais?
Tarde de mais, apenas tarde de mais,
Sirenes em pano de fundo, tudo de apaga depressa,
Por mim, tudo deixou de fazer sentido,
Estou pronto a escolher, pronto a temer,
É tarde de mais para saber como cais?
Tarde de mais, parece apenas tarde de mais…
Quinta-feira, 17 de Maio de 2007
Fato e gravata prontos, nasce o senhor soberano,
Roo a corda como um rato, hoje fervo em pouco pano,
Não me irrites, com esse teu nariz empinado,
Palhaço acrobata de nariz avermelhado,
O culpado? É o boneco de neve que nasceu no meu jardim,
O gelo vem dos que me olham, quando me visto assim,
Sou uma arma humana, pronta a disparar,
Não queiras ser meu alvo, porque eu não vou errar,
Estou a par, das consequências dos meus actos,
Tenho espinhos venenosos, sou perigoso para sermos exactos,
Já dei fitas aos amigos, beijos aos inimigos e abracei o meu amor,
Vou provar da tua carne só para ver o teu sabor,
Que horror? Sabes lá o que é ter gravata,
Ter de abraçar senhores e mandá-los para o raio que os parta,
Personagem estranho este que crio agora ainda a tarde nem caiu,
Doce paciência esta que me agarra por um fio,
Dispo-me por fim, farto das lamurias dos meus superiores,
Danço com os horrores e deleito-me com meus amores,
Mascaro-me de senador e espero que alguém me bata,
Para que volte a pôr um nariz vermelho, sendo palhaço acrobata.
Sexta-feira, 11 de Maio de 2007
Empatia das rosadas frases que me contas ao ouvido,
Finalmente ouço o som das chaves que julgava perdido,
Do spot ao mote de uma boa solução,
Pergunto-te se te interessas em experimentar o meu colchão,
Fazer serão, sem ponto de interrogação,
Onde nada importa, nem se sim, nem se não,
Posso dizer-te uma coisa? É simples e clara,
Não consigo ficar perto de ti, meu peito dispara,
Como é tudo bem? A noite hoje parece eterna,
Hoje sou vitima de uma saudade, que parece que condena,
Fico preso em ti, tu nasces e morres em mim,
Fica tudo bem assim, quem dera ser para sempre assim,
Tu ao pé de mim, tua boca a dizer sim,
Como peixe que morre pela boca hoje eu sou o isco,
Minha vontade faz serão e tu és meu petisco,
Sobre a mesa já namoram os pratos e os copos,
Só falta servir a carne bem quente dos nossos corpos,
Fico preso em ti, tu nasces e morres em mim,
Fica tudo bem assim, quem dera ser para sempre assim,
Tu ao pé de mim, tua boca a dizer sim,
Quem disse que o dia não nascia? Vê a luz,
Serena, do lado uma porta aberta,
As roupas espalhadas, dizes ter medo de ser descoberta,
Missão secreta, juro baixinho que nada vai acontecer,
Não tens de ter medo, nem precisas de te esconder,
Mais um beijo na tua boca, o abraço que sufoca e sais,
Mas não te deixo ir, porque eu quero mais,
Fico preso em ti, tu nasces e morres em mim,
Fica tudo bem assim, quem dera ser para sempre assim,
Tu ao pé de mim, tua boca a dizer sim.
Quarta-feira, 9 de Maio de 2007
O quebra-cabeças das cores, relato de estranhos amores,
Historias de classe, com publicidade de horrores,
Jardins gigantes correm e roem pessoas,
Não interessa se as almas foram más ou boas,
Medos? Os de perder o que sempre esteve na minha mão,
Relatos de confusão que nos embala o chão,
Vou descendo por buracos, cortando-me em cacos,
Distraio-me no purgatório onde revejo os teus actos,
Todos me dizem que não posso ser assim, tenho de mudar,
Mas aí vem a caneta e implora a usar,
Não vou negar-me a ti, cavalo branco da ilha fantasma,
Das doces ilusões a minha alma ficou pasma,
Por ver nascer de brincadeiras, descrenças e algo mais,
Vejo o teu rosto em todos os meus actos banais,
Vira o cubo das cores, secretamente me revejo,
Das lágrimas escorridas que salgaram o teu beijo,
Mas este purgatório dá cabo de mim, fico assim,
Pronto para esquecer o principio, prevendo o fim.
Segunda-feira, 7 de Maio de 2007
Desde ontem,
Que te perco todos os dias,
És areia que escorre,
Tempo que sofre,
Por nós,
Das máscaras que pintámos,
Vemos os olhares,
Daqueles que perdemos,
Por terra, sonhos e mares,
A vida que escorre, podia ter sido,
Mais um beijo adormecido,
Que importa agora?
Agora que o tempo já chora,
É desde ontem,
Que te perco todos os dias,
És terra que morre,
Tudo se apaga depressa,
Fomos nós,
Ainda sinto a pele macia,
Perdemos tempo,
Quase que te esquecia,
Rodo o pé e sento,
Já só vejo histórias de final alternativo,
Talvez não morra, sobrevivo,
Que importa agora?
Agora que o tempo já chora,
Desde ontem,
Que te perco todos os dias,
Foste sentidos em mim,
Desperto por fim…
Fomos nós.
Quinta-feira, 3 de Maio de 2007
A canção do encantamento soa alto hoje,
Senta-te e olha sem medo de veres a vida passar,
Trago-te o encanto da vida enquanto ponho o tempo a girar,
Nasces e começas a ver o mundo, a tentar entender,
Dão nomes às coisas sem tu teres de escolher,
Dos primeiros passos, lembram-se embaraços,
E eu só te vejo escorrer…
…escorrer nos filamentos
Já falas comigo alegria e brincas à nossa volta,
Baloiças no jardim, pisas a soleira da porta,
Senta-te aqui, vou contar-te dois segredos,
Um é que nada dura para sempre,
Outro é que estou cá para te proteger dos teus medos,
E eu só te vejo escorrer…
…escorrer nos filamentos
Cresces-te de mais, assim de repente,
Dizes que a vida é tua e já és “independente”
Já escreves as tuas linhas, já não ouves minhas letras,
Tudo na tua vida agora são imagens secretas
E eu que te vi escorrer…
…escorrer nos teus momentos.
Quarta-feira, 2 de Maio de 2007
Já grita o chão porque o piso com força,
Hoje nada me faz ter calma,
Não quero ser calmo, não quero estar calmo,
Não tentes calar porque eu não calo,
Já não sinto o sabor do embalo…
Quero o teu sangue para beber, a tua carne para cortar,
Dedos para tocar, tenho sede do teu ar,
A cama já vazia de vários corpos range por fim,
Fazes-me mais falta a mim…
Já gemem as pedras que chuto com força,
Hoje o meu corpo não tem alma,
Não quero ser calmo, não quero estar calmo,
Não tentes calar porque eu não calo,
Já não sinto o calor do teu embalo…
Deito-me só por fim,
Fazes-me mais falta a mim.