Terça-feira, 30 de Janeiro de 2007
Das rimas tiro o sumo para que alguém me interprete,
Cuidando do gelo, esse que nunca se derrete,
De olhos no chão, profetizando a palavra secreta,
Hoje de bonecos de trapo vi nascer uma marioneta,
Incrédulo permaneço, desenhando-te com meus dedos,
Os meus olhos são teu veludo que afaga os meus medos,
Tão perfeita ficavas, com esses traços no teu rosto,
Pintaram-te os lábios para que alguém delira-se com teu gosto,
Claro que toquei, claro que provei e sem mais fim me perdi,
Tentei ser como tu, tentei ser assim,
Mas não consigo ficar suspenso, com fios a prenderem-me a alma,
Talvez por ver a calma, desvanecer entretanto,
Penso em ti enquanto janto,
E acordo com vontade de te ver, de te tocar, de te mexer,
Tenho medo, medo de te fazer….sofrer,
Se te mexo nas cordas faço-te mudar o rumo,
Mas se te mudo o rumo depois não sei onde te escondo, onde te arrumo,
E se te esconder debaixo da minha almofada?
Se perguntarem digo que és inspiração para toda a madrugada,
Que faço contigo, o que faço de ti? Meu pesadelo secreto,
Brinco com as tuas cordas, mil dias, directo,
Sem pausas, sem drama, contigo quero ser mais completo,
Mas vim de novo embora, lá continuas empoleirada,
Continuo a dormir sem te ter por debaixo da minha almofada,
E se te mexo nas cordas? Faço-te mudar o rumo?
Por não saber onde te arrumo não te cortei o fio de fio-de-prumo…
Sábado, 27 de Janeiro de 2007
Leva-me para longe daqui
Do mundo,
De mim,
Sopra-me ao ouvido as palavras,
Secretas,
Eternas,
Diz-me que ainda sou capaz de mudar,
Por ti,
Por nós,
Não sabes como é difícil ser assim,
Louco,
Um pouco,
Perdendo-me nas minhas próprias artimanhas,
Sossego,
Te pego,
Sabendo que teu corpo hoje é meu,
Sou teu,
A boca sorriu,
Fico assim, tranquilo no meu canto,
Porque te quero,
Porque te sinto,
Porque te amo.
Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2007
Omitindo medos, hoje escrevo perfume,
Paginas escritas que vão perder-se no lume,
Podes dar palpites, claro que sinto a tua falta,
Se tivesse puderes tiraria esta dor que assalta,
E leva tudo, material, sentidos, glória,
Ficam os teus erros que me ocupam a memória,
Não faço juízos, apenas observo e pergunto,
Porque teve de ser assim desde puto,
Te vi, quis ser assim, pedi por ti,
Hoje olho em volta e só peço por eles e por mim,
Perdem-se almas sem culpa, como multa,
Não aclames perdão para algo que não tens desculpa,
Nem sequer perguntes, porque fico assim, eu já chorei,
Hoje aprovo a criança de ferro em que me tornei,
Pena? Só de mim a sinto, talvez um pouco por nós,
Pode ser que um dia o dia nos deixe a sós,
Inicio a penitencia, pela puta da inocência,
Que tantas vezes dá sono, tudo com a sua ciência,
Complicado, fico no canto calado, ouvindo complicações,
Irritações dos que mais amo, peço moções,
Para não pagar um preço alto, mas algo é eterno,
Os teus erros, as tuas falhas, são meu inferno,
Podia chamar-te nomes, provérbios, pronomes,
Mas navego por outros mares embalado pelos meus fones,
A musica põe-me a criar, a citar,
São muitas as coisas que faço para não me deixar apanhar,
Acalma-me as notas, que hoje tocas, esse é o preço,
Sei que tudo o que acontece é tudo aquilo que mereço,
Tenho puder para superar, criando a ultrapassar,
Observo atentamente figuras sobre quem falar,
Hoje, foste tu, como ponto final a uma chaga,
Serás sempre sombra e fumo, serás sempre a minha praga.
Segunda-feira, 22 de Janeiro de 2007
Momentos dão desabafos,
Solitários, esguios, linhas e traços,
Vou tentar dizer-te em linhas mais ou menos compostas,
Proclamar desejos, dedicar palavras, sei que tu gostas,
Duvidas sempre nos assaltam às vezes, simples, directa,
Hoje a certeza que a nossa chama tem a proporção certa,
Teus cabelos meu tesouro, minha boca minha calma,
Que toco, fujo, mordo, quero, vai delirando a alma,
Dos ser mais curioso, importunado hoje por cada rima,
Labirintos já te tracei, mas quero-te mais ainda,
Teus olhos são meu espelho, vejo-me lindo neles,
Perguntam-se coisas…”ainda me queres?”
Sossego-te com um beijo, doce e encantado,
Largas um sorriso e perguntas “queres ser meu namorado?”
Actos simples, calma palavras, tão delicados,
Tens mel, tens fel, teu corpo merece ser beijado,
Por mim, quando te agarra sou senhor soberano do tempo que te olho,
Observo com atenção não vá alguém acordar-me do sonho,
Segredos, temos tantos e tão poucos,
Podíamos gritar o quanto nos queremos, até ficarmos loucos,
E roucos entretanto, sem espanto fecho o soneto e inicio o canto,
Há um tempo atrás juraria que nada disto era real,
Apaixonado me encontro, o Cupido foi fatal,
Setas traiçoeiras que se encaixam no peito,
Deito, sonho, acordo e o aperto para me dizer que ainda te estreito,
Saudades dizem os entendidos, escrevem-se as linhas,
Todas as historias de amor são assim, mas não se escrevem sozinhas,
O frio da noite só vem dizer-me o quanto me fazes falta,
Não é uma ausência penosa, mas…maltrata,
Um mundo de leis, peco por me apaixonar e sou réu,
Contrario as minhas teorias desabafando que só me encaixo…
Num abraço teu.
Sexta-feira, 19 de Janeiro de 2007
Tenho magias guardadas,
Mas…
De que me serve se não tenho publico,
Sei trautear emoções,
Mas…
De que me serve se só vejo vidro,
Tenho sons no bolso,
Mas…
De que me serve se não as ouço,
Tudo parece igual,
Os vidros vão brilhando ao sabor do sol,
Janelas indiscretas para o mundo distante,
Na minha redoma vou arquitectando formulas,
Mascaras, teorias…imperfeitas,
Vamos ver se aceitas,
Esta forma de expressão,
Tenho tanta coisa guardada,
Só não acho o coração,
Creio que o guardei por aí não sei bem,
Talvez o tenha dado, não lembro a quem,
Tenho poesias no papel,
Mas…
De que me serve se ninguém ouve, ninguém lê,
Tenho tanta coisa,
Mas…
De que me serve se ninguém vê.
Terça-feira, 16 de Janeiro de 2007
Adiragram,
Espelhos reflectem palavras perdidas no tempo,
Vales cobertos pela neblina da manha,
Vêm contar-me o que fizeste,
As loucuras que cometes-te,
Enquanto não me tiveste,
Porque ainda não me agarras-te,
Ainda não me perdes-te,
Adiragram,
Sussurram os encantadores de serpentes,
Só o veneno fica frio, enquanto entra no corpo,
Perco-me e sufoco,
Libertando-me da razão,
Imploro para que não,
Me deixes ir longe de mais,
O espaço onde não separo ilusões de partes reais,
E a mente implode em mim,
Adiragram,
Quando o jasmim provoca soluço,
Muito perto do abuso,
Que teu beijo tenta em meu peito,
É certo, ainda te estreito,
Mas palavras hoje são armas perigosas,
Tu só ris, ainda gozas,
Desfrutando do ultimo resto de vontade,
Deixa saudade, ver-te sossegar aninhada em meu canto,
Tiro a mascara de pecador e viro santo…
Porque em mim provocas pureza,
Certeza,
A indecisão do quero-te mais,
Com a explosão de derrubar com teu corpo o copo…
Sobre a mesa.
Domingo, 14 de Janeiro de 2007
O velho do Restelo não para de resmungar ao ouvido,
Fico puto da vida, por ainda não ter partido,
Não acreditar em politicas, nem cenas brejeiras,
Sim, não acredito em palhaços, ou em tachos, como queiras,
Não voto em nenhum, nem tão pouco os defendo,
Ficamos a olhar, enquanto eles vão roubando e vão comendo,
Tudo bem, não posso arranjar um buraco para vos meter,
Até porque são muitos, em nenhuma fossa iam caber,
O cheiro pestilento iria pairar por todo o ar,
Massacrando, oprimindo, talvez fosse contagiar,
Aqueles que ainda acreditam na primavera,
Doce de flor, com sabor de aloé vera,
Tantas vezes me pergunto, o que fazem aí?
Desçam do palanque venham para aqui,
Provar o vinho amargo, do sangue coagulado,
Procurem no meio destes traidores, qual o verdadeiro culpado,
Inocentes, somos todos pois então,
Mesmo aqueles que matam, não ponho em questão,
Faz parte da profissão, sou politico em full-time,
Vou ladrando hipocrisias, olhem para mim sem açaime,
Desço em mim, vi que talvez fosse capaz,
De subir a escadaria, sem olhar para traz,
Fato e gravata lá vou eu, de pastinha na mão,
Cumprimentado os palhacinhos que passam no salão,
Não digo que não, era capaz de viver assim,
Não sei quanto a ti, mas isto é lugar para mim,
Delibero pouco, não sei nada, mas nada me perguntam,
A pouco e pouco há alguns que ainda se afundam,
Mas tudo bem, toda a historia tem um final feliz,
O meu sonho é rir muito desde que sou petiz,
Então vejo a vossa cara, e o que estão a sentir,
Sentado ao vosso lado só me dá vontade de rir.
Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2007
Deixa-me em paz,
Eu já nem sei se sou capaz,
De te olhar de frente,
Sinto-me doente,
Por te amar e ser crente,
Eu sou de extremos,
Hoje bem, amanha mal é o que temos,
E hoje não quero perder tempo,
Conversa fiada,
A rima já sai atrofiada,
Opto por sair por aí,
Para longe de mim, longe de ti,
Onde todas as formas se rebolam,
E os putos se desolam,
Uns foram convidados, e os outros se colam,
Lá ao fundo uma sombra a olhar para mim,
Hoje vou até ao fim,
Sinto que tas afim,
Chego lá não vejo cara, só ouço uma voz,
A silhueta propicia a criação de outros pós,
Vai garantindo o olhar, fia-te na sedutora,
Podes ter nome de princesa hoje só te vejo pecadora,
Sobe para a pista e movimenta o pecado,
A criação da arte deixa-me entusiasmado,
Fico vidrado, começo a pegar em todo o lado,
Se no teu corpo à ditadura, eu sou o golpe de estado,
A sombra dissipa-se e apresenta a perna grossa,
Mete em chamas o ambiente proporcionando o rossa-rossa,
Tento olhar para outro lado,
Penso em ficar calado,
Mas algo que vejo deixa-me neste estado,
O que nela mais me cativa é o seu diabo,
Pequena tatuagem no seu lindo pescoço,
Não sei se posso,
Chegar perto e tirar fotografia,
Crio a minha caligrafia,
Num papel ali à mão,
Dou na rima, dou na pele, tiro o sermão,
Ajuizando as qualidades que tão bem à vista,
Tu hoje és ciência e eu mais puro cientista,
Tu queres ouvir segredos, hoje sou puro corista,
Trago-te para a rua e vamos ouvindo o som,
Afogamos mais um copo fresco de pisang ambom,
A noite está quente, estava tudo tão bom,
Quanto mais ela me seduz mais eu gosto do seu tom,
Acordo da feitiçaria com o seu corpo sobre o meu,
Como inocente condenado nessa noite a ser réu,
Chego ao céu, ao tirar-lhe o seu véu,
Quando me afoga com os seus lábios,
Calando as teorias que eu tinha dos sábios,
Começa a puxar por mim, tentando-me com seu calor,
Dizendo que em tanto tempo nunca vira tanto amor,
Começo a delirar no corpo dela, a ficar entusiasmado,
Pena que o despertador, estava mesmo ao meu lado,
Acordo molhado, com os extremos na mente,
Mas que ideias tão estranhas tem esta cabeça demente…
Quarta-feira, 10 de Janeiro de 2007
Por muito que tentemos,
Nada volta ser como um dia foi,
As nuvens são passageiras,
Os dias ate podem ser semelhantes,
Mas nada volta a ser como antes,
Se te perderes no caminho,
Podes sempre voltar atrás,
Ver melhor, voltar a correr,
Se um dia te fores, talvez voltes a viver,
Mas nada será como antes,
Em cada dia, uma história diferente,
Guiões, actores, luzes distintas,
Nada fica igual quando misturas as tintas,
Por muito que tentes,
Nada vai ser igual,
E com o nascer do dia, mais uma hipótese,
Faz, mas não por ser diferente
Podes ser pecador, podes ser crente,
E nada fazer mais sentido,
Alguém pode ter escrito, tu até podes ter lido,
Mas a ideia é distinta,
Poesia de alguém que sinta,
E que diga de justiça plena,
Sentirei sempre igual,
…
Calma, não faz mal,
Ninguém avança,
Assim, ninguém se cansa,
De ver mudar o tempo,
Eu sei, porque não o lamento,
Nada se repete,
Pouco se reflecte,
E quase nada se vive,
Alguém que me prive,
Desta loucura intemporal,
Minutos passaram, não voltam a passar,
Não faz mal,
Chego ao fim, com a sensação de eternidade,
Nada volta a ser como foi, por isso muito aclamamos…
A saudade.
Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2007
Gosto de gostar de ti,
Vamos dando significado ao que sentimos,
Vislumbrando os sentidos que já não omitimos,
E por fim…
O tal clarão que provoca os olhos,
Que nos acorda dos sonhos,
Tudo parece ter mudado de lugar,
Os gatos já não voam, paredes deixaram de cantar,
E o que parecia já não é,
Começo a delirar,
Quero voltar,
Para essa dimensão,
Onde tudo é abstracção,
E os loucos continuam a dar nome,
De simples ilusão,
Não compadeço dessa tortura,
E por isso quero fechar os olhos de novo,
Sei que ainda posso esperar por ti,
Que tudo volte a ser o que foi,
Gemidos dos sentidos,
Sopros oprimidos,
Bocas frias e carentes,
Se tens dor, cerra os dentes,
Que nada me pode fazer parar…
Só tu,
Altíssima da minha inquietação,
Que me fizeste criar um outro mundo para te receber,
Os gatos voltam a voar, parecem não querer saber,
Das paredes que ecoam, das arvores que dançam,
Ao som da melodia dos nossos beijos,
Louco?
Apenas sonho contigo.